quarta-feira, 19 de outubro de 2011

10 Dias Com Ela

São 6 horas da manhã, o sol me toca. Não consegui dormir, pensando em como os próximos dias eram promissores. Depois de meses de conversas virtuais e saudades cada vez mais fortes que apertavam um tal de coração, ela chegaria a São Paulo. Devia ir para a escola, mas fiz uma loucura. De uniforme e mochila saí de casa, mas não para a escola e sim ao encontro dela. Fui ao aeroporto do jeito que pude: de trem, de metrô, de ônibus. Passei duas horas perdido na  gigantesca capital paulista até conseguir chegar ao meu destino. Um montante de pessoas se espalhavam pelo saguão do aeroporto, cada um com uma missão a realizar: seja a trabalho ou simplesmente passar férias com a família. Tudo nesse país é difícil.

Já passavam das 9 horas, aquele sol da algumas horas antes havia sido substituído por uma fina garoa que começava a atrapalhar a ordem dos voos. Segundo ela, a previsão de chegada em SP era às 11 da manhã. Pelo  menos se a chuva não atrapalhasse. Mas aquela garoa começou a ficar mais forte e eu mais fraco. Estava sem comer nada desde a hora que saí de casa e fui explorar aquela selva aeroportuária de pedra. Nada mais paulista do que pedir um pão de queijo e um suco de laranja. E como eu amo ser paulista o pedido foi decidido e devorado mais rápido do que qualquer voo ou decolagem naquele momento.

Passei algumas horas daquele dia vendo tudo que ocorre num aeroporto. A tristeza de uma despedida, a felicidade de um reencontro. Incrível como um mesmo lugar pode proporcionar sensações tão diferentes. Sentei em um canto, peguei meu fone e fiquei ouvindo The Killers sem parar. Àquela altura já não me sentia Guilherme. Me sentia o próprio Mr. Brightside.

O tempo passava tão devagar que olhar pro relógio a cada dois minutos me fazia pensar que era uma eternidade. Eis que durante uma música sinto um vibrar no bolso. Nova mensagem de J. "Acabei de sair do avião, daqui a pouco pego um táxi e vou pra casa". Uma sensação de " E agora Arnaldo?" me domina e fico sem reação por alguns segundos. Aquela era hora de agir, não tinha outra alternativa.

Comecei a correr rumo ao local do desembarque programado. O movimento aumentava, assim como minha correria. Era agora ou nunca. Quando cheguei alguns abraços me deram a plena noção de que alguns passageiros já estavam nas terras paulistanas. Apenas visitando ou para sempre. Todos que passarem por aqui aprenderão a amar esse lugar. Foi a única coisa que me passou pela cabeça. Apesar de milhares de pensamentos me atormentarem, o único claro foi este último. Uma confusão se formou, de repente, não entendi se era alguém famoso ou um time de futebol desembarcando. Aquele tumulto aumentou minha apreensão sobre o que aconteceria depois.  Mas a apreensão tornou-se adrenalina em dois segundos. Depois de tanto tempo separados, ela estava ali, na minha frente. O olhar dela encontrou com o meu. Fiquei em dúvida sobre o que falar. Ameacei dizer 'Oi' mas parei no O, porque nada devia ser dito. Só devia ser sentido. Um beijo, só isso. Merecíamos. E foi tudo aquilo que nos faltava. Um beijo para quebrar o silêncio e unir dois corações.

"-Oi", ela disse sem certeza. "-Tudo bem?"  "-Agora melhor", respondi. "-Como foi a viagem?" "-Cansativa". "-Olha, que lindo sol", ela tentava puxar assunto. "- Não tanto quanto você". Ela ficou sem-graça. Saímos do aeroporto, sem rumo. Não tínhamos lugar certo para ir. E isso era problema? Aquele beijo me dera certeza de como seria bom passar 10 dias com ela...
@Gui_Lorenz

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