Foi-se o tempo em que este autor escrevia quase que semanalmente nesse (não mais) periódico site. Este ano foi de grandes mudanças, amadurecimento forçado por algumas situações e espontâneo por inúmeras outras. Nunca havia pensado em como sair da zona de conforto seria tão problemático e paradoxal, mas muitas vezes foi algo bom. Ir para novos lugares, conhecer novas pessoas, enfim pensar fora da caixinha.
Nunca 365 dias foram tão puxados, tão ríspidos e ao mesmo tempo agradáveis. Nunca havia passado mais tempo fora de casa do que dentro dela. Nunca havia visitado tanto as estações da CPTM. Nunca havia trocado tanto de lugar, estudado tantas matérias ou sido submetido às mais improváveis situações. Muito menos havia substituído o sabor do Frapuccino da Starbucks. Mas tudo isso aconteceu. Eu nunca havia entendido o valor das coisas boas. Essa última, talvez não entenda até hoje e provavelmente nunca entenderei. Mas quem disse que precisamos entender tudo para sermos o que somos?
Hoje pensei em como a vida passa rápido, como as coisas mudam enquanto que outras permanecem inalteráveis. 2013: um ano que me mostrou o bem maior. O que? O bem maior não é a soma de todas as coisas boas, é mais uma mágica que eu acredito. E sei que outros também acreditam nele. É um pouco de pensamento, um pouco de reflexão e muito de ação. É um momento, que quando nada parecer fazer sentido, algo aparece. E seja lá o que (ou quem) represente isso, não deixe escapar. Às vezes, o bem maior só pode acontecer quando dizemos sim. Sim pra aquilo que te faz bem sem requerer nenhum tipo de explicação.
Entre um ano e outro é bom achar um vácuo pra ver o que deu certo e o que posso melhorar. Coloque-se mais na pele do outro. Veja o que você pode fazer pra tornar as coisas menos difíceis. Eu tive sorte esse ano e posso dizer que estou bem. Mas não penso em desistir tão cedo de alcançar meu bem maior.
"Se eu falasse só de amor, seria um dos Ursinhos Carinhosos e não um escritor" - Lucas Silveira
terça-feira, 31 de dezembro de 2013
terça-feira, 29 de outubro de 2013
Das Histórias Que Não Foram Vividas
Estava anoitecendo. Os últimos raios de sol despediam-se no horizonte e, aos poucos, davam lugar à escuridão parcial que era apenas interrompida por alguns pontos brilhantes no céu. Com passos curtos e arrastados, um senhor deslocava-se para perto da janela de seu apartamento. Respirou fundo, olhou para frente e não conseguiu seguras as lágrimas.
Não havia uma noite em que não parava para pensar em como sua vida poderia ter sido diferente. Era filho único, teve pouco contato com os primos e tios. Não casou-se nenhuma vez. Mas apaixonou-se algumas. Sempre acreditando que seria diferente, que encontraria um amor para viver pelo resto de sua vida, como nos filmes. Como nos livros. Como nos comerciais de Natal. Contudo, não foi assim para ele.
Cada desilusão era uma pontada no peito daquele homem que sofreu por sentir demais. Agora, estava velho e sentia-se incapaz de ser feliz. Lamentava as chances que perdeu. Na verdade, nem ele sabia se tivera tido uma oportunidade concreta de mudar o seu destino para melhor. Era tímido e introvertido; confortava-se em apenas existir. Nunca ousou, pois tinha medo de perder aquilo que na verdade nunca fora seu.
Os finos cabelos brancos, as dobras na pele, a dificuldade em andar. Tudo demonstrava que ele se resumia a um pobre resto de esperança. Deu um gole em seu uísque e pensou como queria voltar no tempo. Não teve esposa. Nem filhos. Muito menos alegria. Os poucos amigos feitos já haviam desaparecido há tempos. Hoje, ele morre lentamente e possui apenas uma amarga lembrança: das histórias que não foram vividas.
@Gui_Lorenz
Não havia uma noite em que não parava para pensar em como sua vida poderia ter sido diferente. Era filho único, teve pouco contato com os primos e tios. Não casou-se nenhuma vez. Mas apaixonou-se algumas. Sempre acreditando que seria diferente, que encontraria um amor para viver pelo resto de sua vida, como nos filmes. Como nos livros. Como nos comerciais de Natal. Contudo, não foi assim para ele.
Cada desilusão era uma pontada no peito daquele homem que sofreu por sentir demais. Agora, estava velho e sentia-se incapaz de ser feliz. Lamentava as chances que perdeu. Na verdade, nem ele sabia se tivera tido uma oportunidade concreta de mudar o seu destino para melhor. Era tímido e introvertido; confortava-se em apenas existir. Nunca ousou, pois tinha medo de perder aquilo que na verdade nunca fora seu.
Os finos cabelos brancos, as dobras na pele, a dificuldade em andar. Tudo demonstrava que ele se resumia a um pobre resto de esperança. Deu um gole em seu uísque e pensou como queria voltar no tempo. Não teve esposa. Nem filhos. Muito menos alegria. Os poucos amigos feitos já haviam desaparecido há tempos. Hoje, ele morre lentamente e possui apenas uma amarga lembrança: das histórias que não foram vividas.
@Gui_Lorenz
sexta-feira, 4 de outubro de 2013
Zero
Ninguém tem tudo o que deseja. Nós, meros seres humanos frente à imensidão do universo, possuímos essa peculiar e desastrosa característica: desejar mais do que podemos alcançar. E essa é a causa de tanto sofrimento, tanta revolta, desilusão e decepção. Somos o que podemos ser, não o que queremos ser.
Nossa preocupação em parecer algo maior faz com que a essência do ser humano (a ação, não a espécie) fique abandonada em algum canto do coração. Todos temos algo a esconder, um ponto fraco que nos faz desmoronar. E pensando em nossos vícios e virtudes, admiti a hipótese do saldo.
Vivemos em um estado de estabilidade, no qual coisas boas e coisas ruins acontecem todos os dias. Por vez ou outra, acontecem mais coisas boas do que ruins ou vice-versa. Mas isso é passageiro. Existe um ponto de equilíbrio entre tudo isso, enfim, como a lei da ação-reação, aquilo que um dia acontece de pior, no outro acontece de melhor. Uma força além da minha compreensão que não te deixa ser puxado para um extremo ou outro. Sendo assim, o zero é uma resposta para nós. Pelo menos uma hipótese. Bem forte, ao meu ver. Tudo de positivo terá um contrapeso negativo.
As emoções, razões, resultados se balanceiam de modo que, ao final, encontrem-se no saldo zero. Devemos aceitar essa condição, esse meio termo que nos deixa tão inseguros? Não sei. Mas há boas razões para acreditar que tal condição existe. Entre o otimismo e o pessimismo, fico com o realismo de que as coisas vêm e vão numa dinâmica que altera o rumo das nossas vidas diariamente. A vida tem de prosseguir e talvez seja melhor mantermos a crença de que, ao final de tudo, teremos bons motivos para sorrir. Alguns a mais do que para lamentar.
@Gui_Lorenz
Nossa preocupação em parecer algo maior faz com que a essência do ser humano (a ação, não a espécie) fique abandonada em algum canto do coração. Todos temos algo a esconder, um ponto fraco que nos faz desmoronar. E pensando em nossos vícios e virtudes, admiti a hipótese do saldo.
Vivemos em um estado de estabilidade, no qual coisas boas e coisas ruins acontecem todos os dias. Por vez ou outra, acontecem mais coisas boas do que ruins ou vice-versa. Mas isso é passageiro. Existe um ponto de equilíbrio entre tudo isso, enfim, como a lei da ação-reação, aquilo que um dia acontece de pior, no outro acontece de melhor. Uma força além da minha compreensão que não te deixa ser puxado para um extremo ou outro. Sendo assim, o zero é uma resposta para nós. Pelo menos uma hipótese. Bem forte, ao meu ver. Tudo de positivo terá um contrapeso negativo.
As emoções, razões, resultados se balanceiam de modo que, ao final, encontrem-se no saldo zero. Devemos aceitar essa condição, esse meio termo que nos deixa tão inseguros? Não sei. Mas há boas razões para acreditar que tal condição existe. Entre o otimismo e o pessimismo, fico com o realismo de que as coisas vêm e vão numa dinâmica que altera o rumo das nossas vidas diariamente. A vida tem de prosseguir e talvez seja melhor mantermos a crença de que, ao final de tudo, teremos bons motivos para sorrir. Alguns a mais do que para lamentar.
@Gui_Lorenz
terça-feira, 21 de maio de 2013
Conto De Uma Noite De Verão
"Não havia razão para que ele passasse mais uma noite sozinho. Não havia porque ela ficar triste em um sábado à noite"...
O dia amanheceu em Cardiff de um jeito diferente. O frio e a neblina deram lugar a sutis raios de sol que, combinados com a brisa da cidade, faziam parecer que algo especial iria acontecer.
Harry olhou para o despertador antigo que repousava sobre o criado-mudo e viu que já passavam das onze horas. Levantou-se, ainda atordoado devido o sono intenso e desceu para comer algo. Seus pais não estavam em casa, mas sempre deixavam comida para o filho. Dessa vez não foi diferente e sobre o balcão de granito esperava um delicioso croissant. O garoto sorriu, pegou seu café e foi à varanda ver o céu diferente que se revelava naquele momento.
Durante a tarde ele saiu sem destino. Foi caminhar pelas ruas largas do bairro e por lá encontrou seus amigos Owen e Cleaf. Os três se conheciam há pelo menos três anos e costumavam sair para beber e jogar conversa fora. Mais tarde eles repetiriam a tradição: era noite do Baile Anual de Verão do Colégio Tradford. Harry planejara minuciosamente os horários para que não houvesse contratempos. E assim aconteceu, pois ficou cerca de quatro horas com os amigos conversando sobre tudo e sobre nada. São raras as pessoas com quem falamos tão naturalmente. É algo extremamente agradável.
Por volta das 5 horas, Harry voltou para casa e encontrou os pais na cozinha. Cumprimentou-os e seguiu para o banho, pois dali pouco tempo ele buscaria Emily que morava a uns 4 km de Cardiff. Emily. A guria que dança. 16 anos, pele clara, cabelos negros como a noite. Olhos que faziam parecer que as estrelas não brilhavam. Certo temo depois e lá estava o garoto com os cabelos molhados e milimetricamente desalinhados, após o banho e apenas de cueca esperando uma luz para que se lembrasse aonde ele havia deixado sua jaqueta de couro. Pela janela, viu o sol começar a se pôr e as árvores balançando suavemente. Provavelmente estava mais frio agora do que quando chegara em casa, ele pensou.
Continuou se vestindo. Colocou sua calça escura, um par de meias e pôs os sapatos muito bem engraxados. Tudo isso dava um ar muito vintage à Harry, que gostava de parecer assim. E também gostava da palavra, pois soa muito bem. Caminhou até o compartimento de perfumes e escolheu Polo 4: o melhor para a ocasião. Seguiram-se 4 borrifadas e a partir daquele momento a festa tinha começado. Finalmente encontrou a jaqueta, guardada com as coisas de seu pai. Sorriu e voltou para o quarto onde vestiu a camisa branca de finos detalhes prateados da Burberry. Arrumou o cabelo recém-cortado e o deixou levantado na frente, como sempre fazia. Pôs a jaqueta e percebeu que tudo estava perfeito até então. Mas faltava algo para aquela noite ser mais que perfeita...
Na saída, pegou celular, carteira e encontrou seu pai segurando a chave do carro. Harry completou 18 anos há uma semana, mas já dirigia desde os 16. Abraçou o pai, recebeu a chave e caminhou até o Triumph TR6 vermelho que o levaria até a casa de Emily. Entrou no carro, deu a partida e ligou o rádio. Eram os primeiros acordes de Miss Atomic Bomb. The Killers. A noite caiu e trouxe um vento agradável e mais forte. A estrada estava vazia praticamente, Harry pôde olhar a paisagem com tranquilidade. Por fora ouvia-se o ronco do motor. Por dentro,
"Miss Atomic Bomb, you're gonna miss me when I'm gone
you're gonna miss me when I'm gone
Miss Atomic Bomb"
O relógio marcava 19:15 e as estrelas apareciam no céu escuro. Harry estacionou o carro em frente à casa dela, pegou o celular e pensou em ligar. Mas desistiu. Não de vê-la, só de ligar. Preferiu sair e ir até a porta tocar a campainha. Queria fazer à moda antiga. Cerca de dez passos e lá estava Harry encarando a porta muito bem pintada de branco e certificando se o cabelo continuava no lugar. Tudo checado e ele apertou a campainha. Do lado de dentro um home de cabelos levemente grisalhos atendeu, cumprimentou o garoto e disse que a filha já estava descendo. E assim aconteceu. Emily descia a escada ao mesmo tempo em que Harry perdia o ar.
Ela usava um vestido preto cheio de rendas e um pouco acima do joelho. O contraste era perfeito entre a clareza delicada de sua pele e a cor do vestido. O penteado impecável deixou à mostra os traços do rosto. Novamente via-se o tal contraste entre as bochechas rosadas e os olhos negros. Talvez agora você entenda porque aquele olhar fazia parecer que as estrelas não brilhavam. Trazia o sorriso mais lindo que Harry já tinha visto e, devido ao salto, ficavam quase da mesma altura. Um tímido "olá" e um beijo no rosto fizeram o garoto perceber que tudo aquilo era real. Antes de partirem, um conselho do pai de Emily: -"Juízo. Divirtam-se".
O caminho dessa vez era mais curto: cerca de dois quilômetros. Nem deu tempo para conversarem muito. No rádio, uma canção do Creedence embalava a viagem. Ironicamente, se contradizia ao tempo lá fora.
O dia amanheceu em Cardiff de um jeito diferente. O frio e a neblina deram lugar a sutis raios de sol que, combinados com a brisa da cidade, faziam parecer que algo especial iria acontecer.
Harry olhou para o despertador antigo que repousava sobre o criado-mudo e viu que já passavam das onze horas. Levantou-se, ainda atordoado devido o sono intenso e desceu para comer algo. Seus pais não estavam em casa, mas sempre deixavam comida para o filho. Dessa vez não foi diferente e sobre o balcão de granito esperava um delicioso croissant. O garoto sorriu, pegou seu café e foi à varanda ver o céu diferente que se revelava naquele momento.
Durante a tarde ele saiu sem destino. Foi caminhar pelas ruas largas do bairro e por lá encontrou seus amigos Owen e Cleaf. Os três se conheciam há pelo menos três anos e costumavam sair para beber e jogar conversa fora. Mais tarde eles repetiriam a tradição: era noite do Baile Anual de Verão do Colégio Tradford. Harry planejara minuciosamente os horários para que não houvesse contratempos. E assim aconteceu, pois ficou cerca de quatro horas com os amigos conversando sobre tudo e sobre nada. São raras as pessoas com quem falamos tão naturalmente. É algo extremamente agradável.
Por volta das 5 horas, Harry voltou para casa e encontrou os pais na cozinha. Cumprimentou-os e seguiu para o banho, pois dali pouco tempo ele buscaria Emily que morava a uns 4 km de Cardiff. Emily. A guria que dança. 16 anos, pele clara, cabelos negros como a noite. Olhos que faziam parecer que as estrelas não brilhavam. Certo temo depois e lá estava o garoto com os cabelos molhados e milimetricamente desalinhados, após o banho e apenas de cueca esperando uma luz para que se lembrasse aonde ele havia deixado sua jaqueta de couro. Pela janela, viu o sol começar a se pôr e as árvores balançando suavemente. Provavelmente estava mais frio agora do que quando chegara em casa, ele pensou.
Continuou se vestindo. Colocou sua calça escura, um par de meias e pôs os sapatos muito bem engraxados. Tudo isso dava um ar muito vintage à Harry, que gostava de parecer assim. E também gostava da palavra, pois soa muito bem. Caminhou até o compartimento de perfumes e escolheu Polo 4: o melhor para a ocasião. Seguiram-se 4 borrifadas e a partir daquele momento a festa tinha começado. Finalmente encontrou a jaqueta, guardada com as coisas de seu pai. Sorriu e voltou para o quarto onde vestiu a camisa branca de finos detalhes prateados da Burberry. Arrumou o cabelo recém-cortado e o deixou levantado na frente, como sempre fazia. Pôs a jaqueta e percebeu que tudo estava perfeito até então. Mas faltava algo para aquela noite ser mais que perfeita...
Na saída, pegou celular, carteira e encontrou seu pai segurando a chave do carro. Harry completou 18 anos há uma semana, mas já dirigia desde os 16. Abraçou o pai, recebeu a chave e caminhou até o Triumph TR6 vermelho que o levaria até a casa de Emily. Entrou no carro, deu a partida e ligou o rádio. Eram os primeiros acordes de Miss Atomic Bomb. The Killers. A noite caiu e trouxe um vento agradável e mais forte. A estrada estava vazia praticamente, Harry pôde olhar a paisagem com tranquilidade. Por fora ouvia-se o ronco do motor. Por dentro,
"Miss Atomic Bomb, you're gonna miss me when I'm gone
you're gonna miss me when I'm gone
Miss Atomic Bomb"
O relógio marcava 19:15 e as estrelas apareciam no céu escuro. Harry estacionou o carro em frente à casa dela, pegou o celular e pensou em ligar. Mas desistiu. Não de vê-la, só de ligar. Preferiu sair e ir até a porta tocar a campainha. Queria fazer à moda antiga. Cerca de dez passos e lá estava Harry encarando a porta muito bem pintada de branco e certificando se o cabelo continuava no lugar. Tudo checado e ele apertou a campainha. Do lado de dentro um home de cabelos levemente grisalhos atendeu, cumprimentou o garoto e disse que a filha já estava descendo. E assim aconteceu. Emily descia a escada ao mesmo tempo em que Harry perdia o ar.
Ela usava um vestido preto cheio de rendas e um pouco acima do joelho. O contraste era perfeito entre a clareza delicada de sua pele e a cor do vestido. O penteado impecável deixou à mostra os traços do rosto. Novamente via-se o tal contraste entre as bochechas rosadas e os olhos negros. Talvez agora você entenda porque aquele olhar fazia parecer que as estrelas não brilhavam. Trazia o sorriso mais lindo que Harry já tinha visto e, devido ao salto, ficavam quase da mesma altura. Um tímido "olá" e um beijo no rosto fizeram o garoto perceber que tudo aquilo era real. Antes de partirem, um conselho do pai de Emily: -"Juízo. Divirtam-se".
O caminho dessa vez era mais curto: cerca de dois quilômetros. Nem deu tempo para conversarem muito. No rádio, uma canção do Creedence embalava a viagem. Ironicamente, se contradizia ao tempo lá fora.
"I wanna know, have you ever seen the rain?"
-"O céu está bonito hoje" - ela disse.
-"Não tanto quanto você" -ele respondeu.
E ambos começaram a rir pelo simples fato dessa cantada sem querer. Nenhuma explicação isso requer.
De longe já avistavam as luzes acesas no Colégio Tradford. Menos de dez minutos e Harry já estava estacionando o Triumph do pai. Ele saiu e deu a volta para ajudá-la a descer, pois o estacionamento tinha solo coberto por aquelas pequenas pedras cinzas. E como Emily estava de salto, bem você consegue imaginar o que poderia ter acontecido. Saíram juntos de braços dados e ouviram o clique do trancar das portas.
O prédio do Colégio era um espetáculo a parte. A fachada muito bem conservada e as triunfais colunas romanas da entrada proporcionavam ainda mais estilo àquela noite. Sob a luz do luar, trocaram sorrisos e caminharam rumo ao salão principal. Lá estavam muitos de seus amigos. Harry foi encontrar os bons amigos do Colégio, dentre eles Cleaf e o já um pouco embriagado Owen. Duas garrafas de cerveja estavam vazias ao seu lado e uma terceira, pela metade. Do outro lado Emily encontrou outras gurias. Havia cerca de dez. Duas delas já se entreolhavam de modo raivoso pois estavam com vestidos rosas iguaizinhos. Intrigas à parte, todas saíram juntas. Devem ter ido tirar fotos no banheiro.
Apesar da ótima decoração cujo tema era o fundo do mar e da banda que agora tocava um clássico dos Smiths, estava faltando algo mais pra animar de vez a noite. Agora peço uma licença poética para fazer um paralelo com a vida de todos nós: sempre há aquele amigo comediante por natureza e que, quando bebe, fica ainda melhor. Pois bem, Jake chegou contando a piada do zelador latino com uma garrafa quase terminada de tequila. Todos já sabiam o final da anedota e, portanto, logo perguntaram:
-"Por que você só trouxe isso aí?" - apontando para a garrafa.
-"De onde veio essa, tem muito mais!" - ele respondeu empolgado.
Foi o suficiente para euforia geral dos jovens. Jake fez sinal para que o seguissem e todos foram. Menos Harry. Apesar da vontade de beber, ele precisava reencontrar Emily. Enquanto esperava pela garota, apreciou o som da banda que tocava uma bela versão de Penny Lane, dos Beatles. Quando se aproximava o refrão, duas mãos cobriram seus olhos. Bastou uma inspiração para reconhecer o perfume da guria que dança. Virou-se e começaram a dançar de um jeito bem esquisito - nenhum deles levava jeito para a coisa. Passos tortos, giros descompassados e risos descontrolados resumem tudo o que houve até o fim da música.
Depois do espetáculo, ele contou à ela sobre a chegada de Jake e suas acompanhantes alcoólicas. Emily sorriu e sem pensar duas vezes arrastou o garoto rumo ao estacionamento. Não era difícil reconhecer onde estava o resto da turma. A uns 30 metros encostados numa caminhonete preta com a cabine aberta. Dentro, mais de dez variedades de destilados. Apesar do clima contagiante, o frio aumentara consideravelmente. Ao perceber, Harry tirou sua jaqueta e colocou nos ombros de Emily.
-"Não precisa!", ela disse
-"Faço questão", ele retrucou.
-"Eu tenho sorte", ela falou bem baixinho.
-"O que?"
-"Nada, obrigada.". E sorriu.
Ela se aproximou e pegou uma recém-aberta tequila dourada. Deram a volta e Harry ofereceu o primeiro gole a ela.
-"Saúde" - e deu um rápido gole.
Em seguida foi a vez dela:
-"Que fraquinho, você. Aprende a beber comigo", ela ironizou e Harry observou. A guria que dança, de pele clara como o dia, de cabelos negros como a noite e dos olhos mais brilhantes do que as estrelas manteve a garrafa na boca durante quase 7 segundos. Inevitavelmente, duas gotas escorriam e tangenciavam a curva de seus lábios.
-"Falou demais, nem conseguiu beber sem deixar escapar" - ele disse.
-" Me sujei então? Merda!" - ela completou
-"Sem problema, deixa que eu limpo" - respondeu Harry.
Dois passos. Dois olhares. Duas bocas se encontraram.
Aquele era o momento. Nada poderia atrapalhar. Sob a luz do luar e o brilho das estrelas, perto das melhores pessoas que poderiam ter conhecido. Dois corações tornariam-se um só pelos próximos minutos. Dois é melhor do que um? Talvez. Cada sentido de Harry se aguçava: ele tinha o olfato entorpecido pelo perfume de Emily. A visão propositalmente encoberta. O tato que sentia cada detalhe daquela guria. A audição interrompida pelo barulho ali perto. E o paladar? O melhor do mundo. Uma mistura de Emily e tequila que o deixava perdido. Naquele momento ele poderia jurar por Deus e dizer: "EU ME SINTO INFINITO".
Algum tempo depois eles voltaram à realidade. Restabeleceram a aparência e perceberam que não havia mais ninguém ao redor. Levaram as bebidas para dentro, pois quiseram deixá-los sozinhos.
-"Quero dançar", Emily falou e partiu rumo ao salão.
Harry ainda estava atordoado e simplesmente balançou a cabeça positivamente e seguiu-a. Uma corrida leve para alcançá-la e oferecer apoio.Deram os braços, mas não trocaram nenhuma palavra. Lá dentro encontraram os amigos reunidos numa mesa, ainda bebendo e alguns comentando o acontecido. Emily se aproximou, deu um gole curto na garrafa mais próxima e puxou Harry que, por sua vez, puxou os demais para a pista. Como a maioria já tinha certa dosagem de álcool no corpo, começaram a bailar de um jeito muito engraçado. No meio de toda a situação, ele parou e pensou em como aquele sábado ficaria para a história.
Novamente abro espaço para uma explicação: quantas vezes me referi à Emily como "a guria que dança"? Algumas. Porém também disse que ela não levava jeito nenhum para a dança. Como assim, escritor? A guria que dança, dança aos olhos de Harry. Anda suavemente como em um Ballet Qualquer coisa que faria, significaria música para os ouvidos do garoto e dança para seus olhos. E assim aconteceu durante o resto da noite. Risos, passos estranhos, goles curtos e longos e mais momentos de sensação infinita. Passava da meia-noite quando Harry e Emily despediram-se dos demais presentes. Cada um do seu jeito, como deve ser.
Pela terceira vez caminharam lado a lado naquela noite. Dessa vez, ela com a jaqueta dele. Ele com os sapatos dela nas mãos. Emily ficara menor e ainda mais fofa no tamanho normal. Fizeram o trajeto mais longo até o carro, para evitar tais pedrinhas que antes fariam Emily se desequilibrar e agora poderiam machucas seus delicados pés. Ao melhor estilo cavalheiro, ele abriu a porta do passageiro, ajudou-a a entrar e aí sim seguiu para o outro lado. Deu a partida e foi pelo mesmo caminho da ida, mas no sentido contrário. Conversaram um pouco sobre tudo. Naquele momento, qualquer coisa era tudo para ambos. Era possível ver a Lua pelo vidro do Triumph. Majestosa, rodeada de pequenos pontos brilhantes.
Harry resolveu ligar o rádio. Coincidências à parte, novamente o som era The Killers. Dessa vez, Runaways:
"We got engaged on a Friday night,
I swore on the head of our unborn child
That I could take care of three of us"...
Certos momentos apresentam uma magia inigualável. Magia ímpar, daquelas que nem Hermione Granger seria capaz de reproduzir. Destino, sorte ou atitude. Seja lá o que isso for, é a melhor sensação do mundo. Enfim, a rua silenciosa opunha-se aos dedos tintilantes de Harry e Emily. Os dele no volante. Os dela no canto do banco. Ambos embalados pela ótima canção.
A última curva antes da casa da guria aproximava-se. Harry fez questão de contornar vagarosamente para poder passar mais alguns segundos ao lado dela. Emily recolocou os saltos e ao perceber o desligar do motor, tirou a jaqueta e devolveu-a. Harry precisava sentir-se infinito uma vez mais. Nunca antes a vida tinha tanto sentido quanto agora. Pela última vez naquela noite, Harry passou os braços pelos ombros de Emily e beijou-a como se não houvesse amanhã. Todas as sensações se repetiram. Tudo era como ela planejou durante a tarde. Emily tinha tudo aquilo que ele sempre procurou. Emily. A guria que dança.
-"Preciso ir", ela disse.
-"Tudo bem. Boa noite, guria da tequila".
-"Boa noite, fraquinho".
E bateu a porta do carro. Caminhou até em casa e Harry observou com atenção, respirou fundo e deu a partida. Nunca tinha percebido como Cardiff era bonita. Talvez tão bela quanto Emily. Uma beleza diferente. Ou então ele ainda estava perdido pela mágica daquela noite.
"Não havia razão para ele não ter alguém ao seu lado. Não havia porque ela parar de sorrir". FIM
@Gui_Lorenz
sexta-feira, 26 de abril de 2013
À Beira do Caminho
"Ser ou não ser, eis a questão"A famosa reflexão shakespeariana mostra-se atemporal no sentido mais cru da vida: ser humano. Há uma grande diferença entre ser e existir. Uma pedra existe enquanto que um homem é. Mas isso não impede o ser humano de existir apenas.
Recentemente vi o lançamento de uma moeda para o alto. Por alguns segundos ela deixou de existir e passou a ser o centro das atenções. Todos olharam a demorada subida e a rápida descida daquele pequeno ponto material dividido em duas faces: cara ou coroa; ser ou não ser.
E a vida assemelha-se àquela moeda. Uma subida demorada é metáfora da grande batalha que travamos todos os dias. Mas logo depois, a rápida descida soa como o ato de desistir. Uma queda, um tropeço. Você é por um tempo, mas existe na maioria do mesmo. És mais um no meio da multidão. Quantos já se perderam por não saber lidar com essas questões existenciais?
Parece que cada vez mais, as pessoas estão preocupadas em "parecer". Com o perdão do pleonasmo, parece (..) que talvez não haja alguém plenamente feliz. As tentativas em se encaixar, em parecer alguém que queria ser de verdade te tornam mais e menos satisfeito contigo mesmo. Mas então o que somos nós? Somos fingidores. Que atire a primeira pedra aquele que nunca mentiu para ser melhor aceito.
E assim seguimos nossos rumos. É muito mais difícil se estás sozinho, por isso continuaremos caminhando. Para é ficar sentado à beira do caminho, esperando que algo (ou alguém) te lembre de ser e não apenas existir.
Melancolia
"Aquilo que é biologicamente impossível, torna-se poeticamente possível"
Quando o teu melhor não é o suficiente
Quando és frio demais para a vida quente
Quando não queres mais seguir em frente
Quando apenas pensas e não mais sente
O tom pessimista de tuas palavras não condiz com o lema que defendeu por tanto tempo. Essa marcante antítese revela como o mundo o transformou. Há um bloqueio do lado esquerdo do peito. Não mais um coração, somente um órgão que bombeia sangue. Sangue que parece ácido, penetrando em cada mínimo espaço dessa couraça vista pelos outros e transforma esse pobre resto de esperança em um ser humano. Acidez de pensamentos, acidez de palavras, acidez de impressões. Pode parecer interessante uma pessoa simplesmente não se importar com nada. O descaso anda junto do desprezo. Às vezes ficamos viciados em um certo tipo de tristeza. Estranho vício...
Quando nada funcionar, tente
Quando o mundo desafiar, enfrente
Mas se o ácido corroer tua mente,
Não fique preso às derrotas da corrente.
"A vida tem que prosseguir..."
@Gui_Lorenz
sábado, 6 de abril de 2013
Fundamental É Mesmo Arriscar
Mas se tu nunca tentar, nunca saberás. O que é a vida? Ou melhor, como vivê-la do jeito certo? É uma dúvida que assola milhões de mentes e aperta outros tantos corações. Já disse que a vida é feita de momentos, mas se tu nunca tentar nunca saberás.
Não vale a pena ser apenas mais um minúsculo ponto material diante da imensidão das galáxias. É óbvio, porém, que não há como comparar a singularidade de um ser diante do infinito. Mas precisamos fazer o máximo para aproveitar e alcançar nossos objetivos na vida. A inércia em que vivemos deve mudar. Precisamos parar de aceitar as coisas como elas estão e sempre buscar aquilo que pode te fazer um pouco mais feliz. Porra, lembra que tu existe! Corre atrás daquilo que quer, tente, erre, aprenda. Tente outra vez! Uma hora tu alcança.
Fundamental é mesmo arriscar. Dá uma chance pro futuro. Vai que dá certo e tu acha o melhor caminho pra tua vida. Não sei quanto tempo vai durar, mas aproveite cada momento do melhor jeito possível. Pode soar como algo batido, mas aplicar isso na realidade faz uma puta diferença. Ainda não aprendi a ser assim. Algum grande sábio já dizia que poetas são grandes fingidores. Às vezes sou poeta. Mas ainda prefiro ser pessoa.
@Gui_Lorenz
Não vale a pena ser apenas mais um minúsculo ponto material diante da imensidão das galáxias. É óbvio, porém, que não há como comparar a singularidade de um ser diante do infinito. Mas precisamos fazer o máximo para aproveitar e alcançar nossos objetivos na vida. A inércia em que vivemos deve mudar. Precisamos parar de aceitar as coisas como elas estão e sempre buscar aquilo que pode te fazer um pouco mais feliz. Porra, lembra que tu existe! Corre atrás daquilo que quer, tente, erre, aprenda. Tente outra vez! Uma hora tu alcança.
Fundamental é mesmo arriscar. Dá uma chance pro futuro. Vai que dá certo e tu acha o melhor caminho pra tua vida. Não sei quanto tempo vai durar, mas aproveite cada momento do melhor jeito possível. Pode soar como algo batido, mas aplicar isso na realidade faz uma puta diferença. Ainda não aprendi a ser assim. Algum grande sábio já dizia que poetas são grandes fingidores. Às vezes sou poeta. Mas ainda prefiro ser pessoa.
@Gui_Lorenz
sexta-feira, 22 de março de 2013
Pequenas Vitórias
A vida é feita de momentos. Bons ou ruins, são eles que preenchem esse espaço inconstante de tempo e, de certa forma, fazem a tal vida valer a pena. Durante nossos dias são as pequenas vitórias que nos dão a plena consciência de que não estamos aqui à toa.
Exemplificar é o melhor caminho para o entendimento:
-Acordar cedo é algo difícil. Mas talvez acordar ao som da tua música preferida, possa fazer esse processo ser menos doloroso.
Assim como lembrar do último pedaço de pizza na geladeira. Achar dinheiro no bolso de uma calça. Receber mensagem de "boa noite", ler um bom livro. Comprar algo desejado na promoção. Reencontrar aquele teu velho amigo, dar-se um presente. Entrar na internet e ver que a indireta encontrou o alvo. Até mesmo receber curtidas de pessoas interessantes alegra o teu dia. Conseguir arrancar um sorriso daquela guria especial. E tirar aquele pedaço de carne que ficou preso entre os dentes desde a hora do almoço? Que maravilha de sensação.
Pequenas coisas, mas que no dia-a-dia fazem toda a diferença. Talvez seja isso que nos mantem esperançosos quanto o futuro. E assim segue a vida. Sobreviver e acreditar que há um pote de ouro no final de cada arco-íris.
@Gui_Lorenz
Exemplificar é o melhor caminho para o entendimento:
-Acordar cedo é algo difícil. Mas talvez acordar ao som da tua música preferida, possa fazer esse processo ser menos doloroso.
Assim como lembrar do último pedaço de pizza na geladeira. Achar dinheiro no bolso de uma calça. Receber mensagem de "boa noite", ler um bom livro. Comprar algo desejado na promoção. Reencontrar aquele teu velho amigo, dar-se um presente. Entrar na internet e ver que a indireta encontrou o alvo. Até mesmo receber curtidas de pessoas interessantes alegra o teu dia. Conseguir arrancar um sorriso daquela guria especial. E tirar aquele pedaço de carne que ficou preso entre os dentes desde a hora do almoço? Que maravilha de sensação.
Pequenas coisas, mas que no dia-a-dia fazem toda a diferença. Talvez seja isso que nos mantem esperançosos quanto o futuro. E assim segue a vida. Sobreviver e acreditar que há um pote de ouro no final de cada arco-íris.
@Gui_Lorenz
sexta-feira, 1 de março de 2013
Sinto Em Te Dizer
Mas você perdeu. Perdeu a chance, o momento, a oportunidade que não aparece de novo. Perdeu a alegria, o sorriso, o coração em algum lugar do passado. Estranho vazio, que por vez ou outra se acende em chamas só esperando o banho de água fria pra voltar a ser simplesmente nada.
Tu fala, interage, compra, toca, estuda, finge e não existe. É um pobre resto de esperança cuja única companhia é a própria sombra que te faz lembrar que está morrendo lentamente, com um por-do-sol que tem como epílogo a escuridão.
Escuridão da alma que pretende libertar-se em algum momento da estrada conhecida como Vida. Eu sei muito bem da raiva que dá, a gente soca as paredes sem se importar. E o que é que nos faz quebrar a cara de novo e de novo? Sem jamais desistir. Isso já foi dito antes por poetas bem melhores que este que vos escreve, mas é a maior das verdades.
Talvez devamos desistir pra um dia ser feliz.
@Gui_Lorenz
Tu fala, interage, compra, toca, estuda, finge e não existe. É um pobre resto de esperança cuja única companhia é a própria sombra que te faz lembrar que está morrendo lentamente, com um por-do-sol que tem como epílogo a escuridão.
Escuridão da alma que pretende libertar-se em algum momento da estrada conhecida como Vida. Eu sei muito bem da raiva que dá, a gente soca as paredes sem se importar. E o que é que nos faz quebrar a cara de novo e de novo? Sem jamais desistir. Isso já foi dito antes por poetas bem melhores que este que vos escreve, mas é a maior das verdades.
Talvez devamos desistir pra um dia ser feliz.
@Gui_Lorenz
quinta-feira, 24 de janeiro de 2013
O Sentimento Não Pode Parar
Palavras ao vento
O som do silêncio
As estrelas a brilhar
Mas só o sentimento,
O sentimento não pode parar.
Os dias passam
O mundo gira
E nas noites frias
Repito a mira:
No céu ou no mar,
O sentimento não pode parar.
A escrita fina
No papel a marcar
Buscando a rima
Pois o sentimento,
O sentimento não pode parar
E quando tudo parecer complicado
E o mundo estiver adverso,
Lembre-se:
Tu não carrega sozinha este fardo
E enquanto eu escrever algum verso
Tu terás sempre alguém pra contar
E deste jeito, guria
Lembre-se
O sentimento não pode parar.
O som do silêncio
As estrelas a brilhar
Mas só o sentimento,
O sentimento não pode parar.
Os dias passam
O mundo gira
E nas noites frias
Repito a mira:
No céu ou no mar,
O sentimento não pode parar.
A escrita fina
No papel a marcar
Buscando a rima
Pois o sentimento,
O sentimento não pode parar
E quando tudo parecer complicado
E o mundo estiver adverso,
Lembre-se:
Tu não carrega sozinha este fardo
E enquanto eu escrever algum verso
Tu terás sempre alguém pra contar
E deste jeito, guria
Lembre-se
O sentimento não pode parar.
segunda-feira, 21 de janeiro de 2013
Ainda Somos Tão Jovens
Hoje acordei com vontade de pensar na vida. As noites mal-dormidas me fizeram refletir sobre o tempo. Palavra de significado simples, mas de entendimento tão complexo. O tempo que vai, o tempo que vem. Aquilo que o tempo traz, aquilo que o tempo leva. Talvez ele seja o melhor amigo e o pior inimigo do ser humano. Complicado né?
Pois bem, vou tentar explicar melhor. Ao mesmo tempo (olha ele aqui de novo) em que este amigo-da-onça traz coisas boas, ele nos mantém reféns das nossas vontades. Vontades que já tiveram seu próprio tempo. O desejo impetuoso de ter o tempo de volta, de reviver o passado e de apreciar cada momento que já passou em nossas vidas. Um sentimento que brota dentro de qualquer coração chamado saudade, uma sensação que passa pelo cérebro e percorre nosso corpo chamada nostalgia.
Pelo pouco que vi da vida, tento usar tais conhecimentos para entender o tal tempo. 18 anos vividos, idade complicada. A maioridade encerra uma das melhores fases da vida. Antes, só pensávamos em festas, diversão, gurias e zoação. Mas quando o relógio avisa que o trecentésimo sexagésimo quinto dia dos teus 17 anos chegou, dá uma alegria misturada com apreensão, algo difícil de ser expresso por palavras. Ouso dizer que já com dezessete, tu consegue sentir isso. Acabou a escola. Passou rápido, né? As intermináveis aulas do Ensino Fundamental e Médio finalmente se acabaram. E agora meu amigo, o jogo mudou.
Ser adulto é algo que não entendo bem. Chegam muitas responsabilidades: faculdade, trabalho e até mesmo responsabilidades com a sua família. É uma carga absurdamente pesada que chega nos nossos ombros. Acho que é injusto. Tenho certeza que eu e 90% do pessoal que se forma no Ensino Médio ainda não se sente adulto. Paramos pra pensar, tentamos descobrir como será nosso futuro. Escolhemos uma faculdade, sem ter a certeza do que nos espera. E assim chego ao ponto principal desse mero texto: somos muito jovens.
Por um mundo melhor, por adolescentes mais felizes e por adultos mais responsáveis: NÓS QUEREMOS TEMPO! Tempo pra zoar, tempo pra nos divertirmos, tempo pra fazer festa, tempo para que não haja preocupações. Ainda somos tão jovens para termos que decidir nosso futuro de uma vez. Nem sempre temos a orientação e o apoio necessários nessa hora, então estar de mal-humor, passar momentos de silêncio, ficar desanimado, entre outras coisas, faz parte! Infelizmente, ainda não conseguiram inventar uma máquina do tempo para que haja este vácuo entre a adolescência e a vida adulta. Vamos viver, amigos. Porque sobre o futuro? TUDO pode estar lá, mas enquanto isso nós continuamos aqui.
@Gui_Lorenz
Pois bem, vou tentar explicar melhor. Ao mesmo tempo (olha ele aqui de novo) em que este amigo-da-onça traz coisas boas, ele nos mantém reféns das nossas vontades. Vontades que já tiveram seu próprio tempo. O desejo impetuoso de ter o tempo de volta, de reviver o passado e de apreciar cada momento que já passou em nossas vidas. Um sentimento que brota dentro de qualquer coração chamado saudade, uma sensação que passa pelo cérebro e percorre nosso corpo chamada nostalgia.
Pelo pouco que vi da vida, tento usar tais conhecimentos para entender o tal tempo. 18 anos vividos, idade complicada. A maioridade encerra uma das melhores fases da vida. Antes, só pensávamos em festas, diversão, gurias e zoação. Mas quando o relógio avisa que o trecentésimo sexagésimo quinto dia dos teus 17 anos chegou, dá uma alegria misturada com apreensão, algo difícil de ser expresso por palavras. Ouso dizer que já com dezessete, tu consegue sentir isso. Acabou a escola. Passou rápido, né? As intermináveis aulas do Ensino Fundamental e Médio finalmente se acabaram. E agora meu amigo, o jogo mudou.
Ser adulto é algo que não entendo bem. Chegam muitas responsabilidades: faculdade, trabalho e até mesmo responsabilidades com a sua família. É uma carga absurdamente pesada que chega nos nossos ombros. Acho que é injusto. Tenho certeza que eu e 90% do pessoal que se forma no Ensino Médio ainda não se sente adulto. Paramos pra pensar, tentamos descobrir como será nosso futuro. Escolhemos uma faculdade, sem ter a certeza do que nos espera. E assim chego ao ponto principal desse mero texto: somos muito jovens.
Por um mundo melhor, por adolescentes mais felizes e por adultos mais responsáveis: NÓS QUEREMOS TEMPO! Tempo pra zoar, tempo pra nos divertirmos, tempo pra fazer festa, tempo para que não haja preocupações. Ainda somos tão jovens para termos que decidir nosso futuro de uma vez. Nem sempre temos a orientação e o apoio necessários nessa hora, então estar de mal-humor, passar momentos de silêncio, ficar desanimado, entre outras coisas, faz parte! Infelizmente, ainda não conseguiram inventar uma máquina do tempo para que haja este vácuo entre a adolescência e a vida adulta. Vamos viver, amigos. Porque sobre o futuro? TUDO pode estar lá, mas enquanto isso nós continuamos aqui.
@Gui_Lorenz
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