sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

Vícios e Virtudes - Ares de Preocupação

 Capítulo III: Ares de Preocupação

Não havia o que fazer. Não havia como salvá-la. Patrick sentiu uma pontada no peito, algo difícil de explicar. Decidiu simplesmente voltar a secretaria e comunicar o que encontrara. Abriu a porta e, para sua surpresa, a bela Katherin não estava mais lá. A sala não tinha mais ninguém. "Onde ela foi?", pensou ele perplexo. Não faziam nem dois minutos desde que saiu de lá e viu o sorriso cativante da moça. Foi para a entrada e encontrou o zelador:
"Ed, tem uma coisa que precisa ver. Houve um assassinato na escola".
"Pelo amor de Deus, me explique isso melhor!"
"E-eu fui ver a sala, uma mulher estava caída e vi uma grande poça de sangue"- disse o assutado jovem.

E lá foram eles rumo a cena do crime.

Horas se passaram, a polícia científica estava lá analisando o mais novo caso intrigante de Waterford. Patrick teve que responder algumas perguntas aos peritos, mas foi liberado antes das 15 hrs. Ele não queria saber de nada, nem de ninguém. Voltaria para casa e tentaria ficar o mais quieto possível. O caminho de volta foi silencioso. Solitário. O vento não era mais acolhedor. Eram ares de preocupação. Lembrara-se que sua mãe viajaria para outro condado durante esta noite e que ficaria sozinho em casa. Parecia que a solidão era seu pior castigo. Ao entrar na Rua Beckford, viu Anastazia em frente sua casa. Batia na porta, mas ninguém a atendia. Provavelmente sua mãe tinha saído de casa. Mrs. Fletcher nunca se atrasava. Chegava cedo de mais às vezes.
"Anastazia!"
"Patrick, estava querendo falar com você."
"Pois então diga."
"Minha mãe pediu-me para vir aqui e perguntar como estava. Sabe, depois de tudo aquilo que aconteceu ontem..."
Se fosse só aquilo, estava bom... pensou o garoto.
"Ah estou chateado. Nem pude fazer nada."
"Tenha força, -disse a bela menina- vai passar. Eu sei que vai", completou.
O silêncio permaneceu alguns segundos entre eles, e Patrick não aguentou segurar sua curiosidade.
"Eu te vi essa madrugada. O que fazia essas horas pela rua?"
Anastazia estava mais pálida do que normalmente já era.
"Er, eu, estava.. resolvendo uns negócios de família. Meus pais sabiam que só voltaria bem tarde"
Patrick lembrou de que a resposta dada pela garota era exatamente a mesma dada por Charlie. Era muita coincidência...
"Bem, estou indo. Até outra hora", e com um aceno Anastazia voltou para sua casa.

Tudo aquilo perturbou ainda mais os pensamentos de Patrick. Entrou em casa, deixou as chaves sobre a mesa e lá viu um bilhete de sua mãe:
"Volto daqui 2 dias. Terei duas reuniões. Tem bife na geladeira. Espero que seja capaz de colocá-los na frigideira. Amor, mãe".


Naquela noite, Patrick viu um homem alto e robusto atravessar a rua em direção à casa dos Petrov. Ele pensou que seria uma tentativa de assalto, mas não era. Quase que deslizando ao lado dos muros, o homem entrou com facilidade na residência. Achou tudo muito suspeito, mas ele estava esgotado. E com Katherin em sua mente adormeceu.
Porém, algumas horas depois ele acordou com um barulho muito estranho: facas estavam sendo afiadas no piso de baixo de sua casa. Patrick suou frio, pegou uma pedra que estava dentro de um velho vaso no corredor e desceu cuidadosamente a escada. Durante a descida, percebeu que a luz estava acesa. O barulho não era tão alto, mas era ensurdecedor para o garoto. Podia ser seu fim. Uma fina chuva caía lá fora e os pingos soavam na janela como se fossem granizo. Quando ele virou rumo a cozinha, viu gotas de sangue no chão. Seu corpo estremecia e quando a luz do luar encontrou uma pessoa, esta virou-se e com uma faca na mão e um bife na outra exclamou;
"Querido!! Me desculpe por te acordar, precisei voltar para casa e estava com fome. Ia fritar essa carne" disse a simpática Mrs. Fletcher.
"Mãe que susto, merda! -Patrick estava suando frio, mas mesmo assim ficou feliz por não estar mais sozinho.- "Fiquei com medo de ser alguém querendo me roubar, matar, ou sei lá o que. Ainda bem que é você."
"Me desculpe de novo. Vai um bifinho aí?" disse a mãe com um sorriso largo.
"À essa hora??  Claro que sim", disse Patrick finalmente acolhido e protegido.

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